Desenvolvimento Infantil - Relação Mãe e Bebê***
- Francine Longhi
- 27 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de dez. de 2024

*** Como mãe se entende o cuidador principal do bebê, aquele que faz a "função materna".
No decorrer do primeiro ano de vida a estrutura psíquica do bebê, sua personalidade, ainda não está bem estabelecida e nem diferenciada.
A maturação e o desenvolvimento da personalidade se manifestam após o nascimento, mediante a interação do bebê com o seu ambiente interno e externo.
No recém-nascido ainda faltam consciência, percepção, sensação e todas as outras funções psicológicas.
O que torna a criança capaz de construir uma imagem do mundo que a cerca, resulta da reciprocidade entre mãe-bebê.
Toda e qualquer ação e resposta do bebê são provocadas pela mãe. A existência da mãe, sua simples presença, age como um estímulo para as respostas do bebê, sua mínima ação - por mais insignificante que seja - mesmo quando não está relacionada com o bebê, age como um estimulo para ele.
A partir do início da vida, é a mãe o parceiro humano do filho, quem serve de mediador a toda percepção, de toda ação, de todo discernimento, de todo conhecimento e que precisa estar à disposição do filho todo o tempo pois é assim que a aprendizagem pode acontecer.
A voz materna fornece estímulos acústicos vitais para o bebê, que são pré-requisitos para o desenvolvimento da fala que envolve a percepção e a descarga de energia, essenciais para a criança.
A percepção que será adquirida pelo bebê través de sua relação com a mãe, é influenciada pelo afeto. Os afetos determinam também a relação entre percepção e cognição e são capazes de explicar alguns comportamentos e acontecimentos psicológicos. O afeto materno é capaz de criar um clima emocional favorável, um mundo completo de experiências vitais para a criança. A atitude emocional materna irá orientar os afetos do bebê e conferir a qualidade de vida à experiência do bebê.
"um bebê que é privado de algumas coisas correntes, mas necessárias, como um contato afetivo, está condenado, até certo ponto, a perturbações no seu desenvolvimento emocional que se revelarão através de dificuldades pessoais, à medida que cresce" (WINNICOTT).
A vida representa sem dúvida para o bebê uma série de experiências muito intensas, afinal não é apenas um corpo e sim uma pessoa ainda muito pequena tentando sobreviver em meio tão desconhecido para ela repleto de novidades.
A mãe é necessária desde o princípio e "os cuidados maternos com o próprio bebê são inteiramente pessoais, uma tarefa que ninguém mais pode realizar tão bem quanto a própria mãe" (WINNICOTT). Há uma ligação muito forte entre eles.
"logo nos primeiros dias de vida do bebe, é o padrão e a técnica do cuidado materno que o bebê percebe, bem como os detalhes de seus mamilos, o formato das suas orelhas, a qualidade do seu sorriso, o calor e o aroma de seu hálito. Muito cedo o bebê poderá ter uma idéia rudimentar de uma espécie de totalidade da mãe, em certos momentos especiais. Contudo, à parte do que pode ser percebido, o bebê precisa que a mãe esteja constantemente presente como uma pessoa total, pois só como um ser humano total e maduro pode ela possuir o amor e o caráter necessários para a tarefa" (WINNICOTT).
Todo ser humano precisa do outro, não existe sozinho e um bebê também precisa dessa relação total. Entretanto, caso ocorra alguma falha nessa relação algo se perde e não poderá ser recuperado mais tarde, representam mais as necessidades psicológicas e emocionais do que as fisiológicas da criança e a mãe tem importância fundamental na satisfação dessas carências, mas para isso é necessário um ambiente emocional estável.
"para que os bebês se convertam, finalmente, em adultos saudáveis, em indivíduos independentes, mas socialmente preocupados, dependem totalmente de que lhes seja dado um bom princípio, o qual está assegurado, na natureza, pela existência de um vínculo entre a mãe e o seu bebê: amor é o nome desse vínculo. Portanto, se você ama o seu filhinho, ele estará recebendo um bom princípio" (WINNICOTT).
Winnicott, D. W. (1996). Os bebês e suas mães (J. L. Camargo, Trad.). São Paulo, SP: Martins Fontes.





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