FIM DE ANO
- Francine Longhi
- 31 de dez. de 2024
- 2 min de leitura

Hoje é o último dia do ano, dia 31 de dezembro. O que isso significa? será que significa algo? Será que precisa significar alguma coisa? Me sinto triste! Os finais de ano sempre me deixam assim. Ainda estou muita alienada às exigências da cultura que pedem que se agradeça, que se peça, que se faça uma reflexão sobre o ano que passou e sobre as realizações deste ano. Não quero fazer isso, não consigo agradecer, não consigo pedir, não consigo desejar algo para o próximo ano. Não quero refletir, me acho fracassada quando penso nisso e por isso fico triste, a sensação e sempre estar na mesma a cada passar de ano. Dizem que o Inconsciente é atemporal, nesta perspectiva, tanto faz o tempo, tanto faz o fim de ano e o recomeço do próximo. As dores inconscientes sempre estarão no presente. Me iludo achando que vou encontrar uma saída para me libertar delas. Grande ilusão! necessária, sim, mas uma ilusão. E o que mais me intriga é mesmo sabendo disso, eu não abro mão delas, dessas malditas ilusões. São elas que me deixam triste, são elas que me pedem, que me exigem, que me sufocam e mesmo assim, não abro mão delas. Vem ano, passa ano e eu alí me debruçando em sofrimento junto a essas malditas ilusões, ilusões de um ano melhor, ilusões de mudança, ilusões de prosperidade, ilusões de encontrar um grande amor, ilusões de ser amada, reconhecida e ao passar do ano, vejo que nada se cumpriu. Malditas ilusões. Por que não me conformo com o que é? Por que não me conformo com que tem que ser? Como desapegar das Ilusões? Como faz isso? Grande enigma.
Fico buscando me encaixar naquilo que eu acho que esperam de mim e quando não consigo, sinto vergonha. Me sinto deslocada, desamada. Isso por que? Pela Ilusão! Olha ela aí de novo. Ilusão de achar que sei o que querem de mim e a ilusão de que se eu fizer, serei recompensada, serei amada. Grande engano, sou enganada pela ilusão, ou será que me deixo enganar por ela? E mesmo sabendo disso, não abro mão de continuar querendo suprir as expectativas da ilusão. Me empenho, me esforço, sofro, sofro, sofro, nesta busca incessante de cumprir com as exigências da ilusão. E quanto mais me dedico a elas, mais lástima eu tenho, mais desamada me sinto, mais estagnada parece minha vida. Por que insisto nisso? por que não me libertar disso? Que covarde sou, qual o meu medo se nada tenho a perder? a não ser essa maldita ilusão. Que sedutora é essa tal ilusão que me me aprisiona em uma ideia mágica, irreal. Ou será que eu me deixo aprisionar por essa mesma ideia?
Pela primeira vez, depois de muito tempo, quero pedir algo para o Ano Novo: que eu seja menos ilusionada, e que o real é quem eu busque me apegar, que eu tenha coragem de me entregar àquilo que realmente sou e não na ilusão daquilo que querem de mim.
Já que poucas vezes te pedi algo, quem sabe desta vez você me atenda Ano Novo e me dê essa graça, que de graça sei que não virá.
Adeus Ano Velho, vá em Paz.






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